Alice in Chains é uma banda norte-americana de rock formada em 1987 em Seattle, Washington, pelo vocalista Layne Staley e o guitarrista Jerry Cantrell.[2][3] Apesar de vastamente associada ao grunge, o som da banda incorpora elementos do heavy metal, glam rock, hard rock[4]e de música acústica, ao invés do punk.[5] A banda alcançou fama internacional como parte do movimento grunge do início dos anos 90, ao lado de bandas como Nirvana, Soundgarden e Pearl Jam. É uma das bandas mais bem sucedidas comercialmente da década de 1990, tendo vendido aproximadamente 15 milhões de álbuns ao redor do mundo,[6]além de ter dois álbuns na primeira posição da Billboard 200 (Jar of Flies e Alice in Chains), 11 singles nas dez primeiras posições na parada Mainstream Rock Tracks e seis indicações ao Prêmio Grammy.[7]
Mesmo nunca oficialmente debandado, a banda foi contaminada por extensa inatividade devido aos problemas de Layne Staley com drogas, culminando em sua morte em 2002. O Alice in Chains se reuniu novamente em 2005[8]e em 2009 terminaram a gravação de seu primeiro álbum de estúdio em quatorze anos com o novo vocalista, William DuVall. O álbum, intitulado Black Gives Way to Blue,[9] foi lançado em setembro de 2009 pela Virgin/EMI.[10]
História
Começo de carreira (1987 - 1991)
Tudo começou no inverno de 1987, quando o guitarrista Jerry Cantrell foi a uma festa em Seattle[11]onde conheceu um homem de cabelo rosa claro que estava no centro de tudo; tratava-se do vocalista Layne Staley. "Ele tinha um grande sorriso no rosto, e estava sentado ao lado de duas mulheres maravilhosas", lembra Cantrell. Cantrell não tinha um lugar para morar e foi acolhido por Staley, que o levou a sua residência: um estúdio de ensaios sujo e cheirando a urina chamado Music Bank, localizado em um armazém, onde os dois passaram a viver.[2] Logo, Cantrell o convidou para cantar em sua banda de glam metal chamada Diamond Lie, já que Staley estava saindo de uma outra banda do mesmo sub-gênero.[1] Mike Starr, conhecido de Jerry, havia tocado em outras bandas do mesmo estilo, como Sato e Gypsy Rose, e logo aceitou tocar baixo na banda, trazendo, ainda, o baterista Sean Kinney, que namorava sua irmã.[11] Os concertos da banda, nessa época, consistiam em covers que, de acordo com a imprensa local, ganhavam "nova vida" quando eram tocados pelo Diamond Lie.[12] Cantrell comentou a RIP Magazine, em 1993, quanto às motivações iniciais na formação da banda:Era "Vamos formar uma banda, escrever umas canções, tocar em alguns clubes para conseguirmos cerveja e mulheres". Sério, era por aí. Nós fizemos isso por um ano e meio, só tocando e, então, finalmente começamos a considerar até onde queríamos ir musicalmente. Foi meio que algo natural, nada que tenha sido pensado. Foi algo que acontece somente quando você passa tempo com pessoas e começam a crescer juntos.[13]No ano seguinte, a banda mudou seu nome tendo como inspiração Alice N' Chains, nome da antiga banda de Staley, tornando-se Alice in Chains[14] e passando a gravar demos com canções que mais tarde apareceriam nos álbuns oficiais da banda.[15] Ainda neste ano, ocorreu a mudança definitiva da banda, uma vez que se distanciaram do glam rock, fazendo surgir assim as características que marcaram o Alice in Chains durante toda sua carreira: o peso dos instrumentos e as letras mórbidas e depressivas.
Já tendo certa notoriedade na cena local, apresentando-se em bares e pequenos clubes, em 1989, decidiram gravar seu próprio álbum independente e tentar distribuí-lo localmente,[16] mas, antes do álbum ser lançado, o grupo assinou com a Columbia Records.[2] Seu primeiro trabalho oficial foi o EP "We Die Young", em julho de 1990. A faixa-título se tornou um hit moderado em rádios americanas mais pesadas, apenas preparando caminho para o lançamento do álbum Facelift em agosto daquele mesmo ano.[14]
Facelift foi bem recebido pelo público e a banda começou turnê com Iggy Pop em novembro, apresentando as canções "Dirt" e "Rooster" ao público, que não dá a mínima. Em dezembro, o concerto lotado no Moore theater, em Seattle, é gravado pelo diretor Josh Taft e lançado como Live Facelift, o primeiro lançamento em vídeo do grupo.[17]
Enquanto isso, o álbum produz o inesperado hit "Man in the Box", tendo uma escalada de 26 semanas até o Top 20 e cujo vídeo recebeu grande exibição na MTV.[17] Tendo suporte de turnê com Extreme, Megadeth em algumas datas, depois com a turnê Clash of the Titans (que contava com Slayer, Anthrax e Megadeth), e após, Van Halen,[18] Facelift chegou ao disco de ouro.[6]
Em 1991, a banda lançou um inesperado EP de composições semi-acústicas, denominado Sap, gravado em dois dias[19] e intitulado devido a um sonho do baterista Sean Kinney, no qual a banda chamava o novo álbum como Sap.[20] O álbum contava com as participações de Ann Wilson do Heart, juntando-se a Staley e Cantrell no refrão de "Brother" e "Am I inside", assim como Chris Cornell do Soundgarden e Mark Arm do Mudhoney, que apareceram na canção "Right Turn" (creditados no encarte como Alice Mudgarden).[21] Chris Cornell também contribuiu com vocais de apoio na faixa "Brother".[22]
Anos grunge: fama e sucesso no mainstream (1992-1994)
O grupo recebeu mais exposição em 1992 quando uma de suas novas canções, "Would?", apareceu na trilha sonora de Vida de Solteiro, um filme do diretor Cameron Crowe baseado nas vidas dos solteiros de Seattle. A banda também apareceu no filme, tocando as canções "Would?" e "It Ain't Like That" durante uma das cenas que ocorre num clube.[23] O lançamento prévio de "Would?" ajudou a criar antecipação pelo próximo LP do grupo.[23]O álbum Dirt, lançado na primavera de 1992,[4]exemplifica o som pesado guiado pela guitarra e cheio de distorções, enquanto, ainda, abriu espaço para as harmonias vocais cada vez mais complexas de Staley e Cantrell. Foi um sucesso tanto de crítica[4]quanto comercial, ganhando disco de platina após menos de 2 meses após seu lançamento,[24] e continuando como o álbum mais bem sucedido da banda até hoje.[25] Entretanto, as letras obscuras, a maior parte tratando de isolação e vício, aumentaram as especulações de que Staley era um viciado em heroína.[4] Agora se sabe que esta especulação estava correta.[26]
Para a divulgação desse álbum, saíram em turnê com Ozzy Osbourne. Durante esta turnê, Layne quebrou seu pé e completou a turnê usando uma cadeira de rodas e muletas, não perdendo nenhuma data. Camisetas da turnê mostravam o raio-X do pé quebrado do vocalista.[11] Depois, o grupo teve uma passagem pelo Brasil no festival Hollywood Rock, no Rio de Janeiro e São Paulo, em 1993.[27] Após estas datas, Mike Starr deixou o grupo devido às turnês intensas e eventualmente se juntou à banda de hard rock Sun Red Sun.[28] Starr foi logo substituído temporariamente pelo baixista da banda de Ozzy Osbourne, Mike inez.[11] Quando a banda entrou em estúdio em 1993 e compôs duas novas canções, "What the Hell Have I" e "A Little Bitter", para a trilha sonora do filme com Arnold Schwarzenegger, O Último Grande Herói,[1] inez (que co-escreveu "A Little Bitter"[29]) foi confirmado como novo baixista da banda.[11]
Durante o verão de 1993, Alice in Chains se juntou a bandas como Primus, Tool, Rage Against the Machine e Babes in Toyland para o festival de música alternativa Lollapalooza, no qual a banda foi muito bem recebida.[30] Entretanto, seria a última vez que o Alice in Chains faria uma grande turnê.
Após suas explosivas performances na turnê Lollapalooza, a cena musical alternativa clamava por outro lançamento pesado, nervoso e barulhento do quarteto de Seattle. Em janeiro de 1994, entretanto, a banda surpreendeu fãs e críticos com Jar of Flies, que trazia um retorno aos arranjos mais acústicos e leves, canções bem desenvolvidas completadas com sutis arranjos de cordas, misturados com pontos de exclamação dos ataques de guitarra, a assinatura de Cantrell, e os vocais de Staley.[31]
Lançado como um EP, ainda que tivesse qualidade de álbum em design e duração, Jar of Flies estreou como n.º 1 nas listas de vendas de álbuns da Billboard, o primeiro EP na história a alcançar tal posição.[2]Evoluindo do som alternativo e progressivo da primeira faixa para baladas mais tradicionais, o álbum parece prestar homenagem às raízes musicais de Cantrell, sendo escrito e gravado em uma semana.[31]
Os Alice in Chains estavam programados para sair em turnê durante o verão de 1994 com Metallica e a atração de abertura Suicidal Tendencies, mas desistiram antes do começo da turnê,[32] dando gás aos rumores de vício de drogas. Danzig substituiu Alice in Chains em algumas datas,[33] enquanto outras foram tocadas pelo Candlebox.[34] A banda ficou um bom tempo fora da estrada, o que fez aumentar especulação quanto ao vício de Staley.[4]Nessa época, as tensões internas levaram a banda a debandar, o que efetivamente durou apenas seis meses.
Anos posteriores (1995 - 1997)
Apesar disso, Staley se apresentou com The Gacy Bunch, um "supergrupo grunge" formado em 1995 com o guitarrista Mike McCready do Pearl Jam e o baterista do Screaming Trees, Barrett Martin. Eles mais tarde mudaram seu nome para Mad Season e lançaram um único álbum, Above.[20]Em Novembro de 1995, a banda retomou as atividades com o lançamento do álbum auto-intitulado, Alice in Chains, comumente chamado de "Grind", "Tripod", "Three" ou "Three Legged Dog" devido à imagem de um cachorro tripé na capa[35] (explicado no documentário lançado um mês depois, The Nona Tapes) e pelo fato de ser o terceiro álbum da banda.[11][24]Este álbum foi um retorno aos raízes heavy metal da banda, mas diferente do som presente em seus álbuns anteriores, ainda que juntando o estilo mais acústico presente em Jar of Flies em algumas canções.[36] Para alguns fãs, este retorno à forma foi bem-vindo, para outros não foi nem um passo à frente nem um passo para trás em terreno familiar. O álbum estreou na primeira posição,[11] mas o grupo novamente falhou em dar suporte com uma turnê,[37] gerando maior discussão sobre o vício de Staley em heroína. Eventualmente, este seria o último álbum oficial que o Alice in Chains produziria.[36]
O grupo reapareceu em 1996 para tocar seu primeiro concerto em três anos no MTV Unplugged, um programa de canções somente acústicas.[37]Durante todo o concerto, era visível a fraqueza na saúde de Staley e os efeitos do uso da droga. Sua mente também não estava inteiramente no show, visto que ele não cantou todas as canções que normalmente cantaria, com Cantrell substituindo-o em muitos dos versos. O set incluiu as canções mais conhecidas da carreira, dando nova vida a canções como "Brother". O grupo trabalhou seu material mais pesado com arranjos acústicos novos e incluiu um guitarrista rítmico, Scott Olson, para arredondar o som.[1]Eles também introduziram uma nova canção, "Killer Is Me".[17]Um álbum da performance foi lançado mais tarde naquele ano, estreando na terceira posição nas paradas.[38] Após o concerto acústico, a banda abriu quatro concertos para a turnê de reunião do Kiss[32]substituindo o Stone Temple Pilots, que tiveram que abandonar devido aos problemas com drogas do vocalista Scott Weiland.[39] O concerto do dia 3 de julho, em Kansas City, foi o último com Staley como vocalista.[24]
Hiato e a morte de Layne Staley (1998 - 2002)
Os membros restantes da banda quiseram mantê-la unida e tentaram manter contato com Staley, mas ficou claro que seus problemas de saúde não o permitiriam retornar ao trabalho em pouco tempo. Cantrell, então, passou a se dedicar a outros projetos, gravando seu primeiro álbum solo em 1998, sob o título de Boggy Depot. Devido à colaboração significativa do baixista Mike inez, do baterista Sean Kinney e do produtor Toby Wright ao álbum, além de contar com uma faixa não lançada das sessões do álbum auto-intitulado ("Settling Down"),[40] muitos fãs consideram este como um álbum "perdido" do Alice in Chains.Em 1998, Staley se reuniu com os outros membros do grupo pela última vez para gravar duas canções inéditas: "Get Born Again" e "Died". Estas canções foram lançadas em 1999 no box-set Music Bank. A compilação continha 48 canções, incluindo raridades, velhas demos, as duas novas canções, e a maior parte das faixas contidas nos álbuns da banda.[41] O grupo também lançou Nothing Safe: The Best of the Box, que serviu como um aperitivo de 15 canções para o Music Bank, assim como sua primeira compilação de melhores canções.[42] As duas novas gravações seriam as últimas que Staley gravaria, enquanto Music Bank seria o último lançamento de novo material de estúdio da banda. Em 2000, o álbum ao vivo Live, contendo canções tocadas em shows de 1990 a 1996,[43] e outra coletânea dos 10 maiores hits da banda, Greatest Hits, em 2001,[44] finalizaram os lançamentos oficiais do grupo no período.
Apesar da banda nunca debandar oficialmente, Staley seguiu cada vez pior dentro de depressão quando sua namorada, Demri Parrott, morreu de endocardite infecciosa em 1996.[45] Ele, assim, tornou-se recluso, raramente deixando seu apartamento em Seattle. A possibilidade da reunião completa do Alice in Chains finalmente terminou em 20 de Abril de 2002, quando Staley foi encontrado morto em seu condomínio em consequência de uma overdose letal por combinação de heroína e cocaína (Speedball). A perícia aproximou a data do óbito de Staley para 5 de abril devido o corpo já se encontrar em estado de decomposição e que, coincidentemente, foi a mesma data aproximada da morte de Kurt Cobain, oito anos antes.[8]
Cantrell, abalado pela morte de seu amigo e companheiro de banda, dedicou seu segundo álbum solo, Degradation Trip (2002), totalmente a Staley.[46] O álbum foi lançado aproximadamente 2 meses após o falecimento de Staley[47] como um disco único, e mais tarde relançado, como havia sido originalmente planejado e com canções a mais, como um disco duplo. Ainda que algumas canções no álbum pareçam ter sido escritas sobre a morte do companheiro de banda de Cantrell ("Thinking 'bout my dead friends whose voices ring on" em "Psychotic Break", por exemplo), Degradation Trip foi completamente gravado antes do falecimento de Staley.[46]
Continue lendo aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alice_in_Chains
Site Oficial: http://aliceinchains.com/
Grande cantor é uma grande perda para música.
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